Pandemia desequilibra fluxos de comércio internacional e faz custo do frete disparar no Brasil.

A crise sanitária gerada pelo Coronavírus gerou uma ruptura nas cadeias globais de suprimentos, movimento iniciado no primeiro semestre de 2020 quando a indústria sofreu uma paralisação de âmbito mundial, o que gerou impactos para importadoras, indústria têxtil e alimentos. No âmbito Brasil foi observado aumento exponencial dos custos internos – com a inflação e o preço das commodities em alta -, bem como dificuldades no transporte terrestre, marítimo e aéreo.

De acordo com a Santos Port Authority (SPA), o Porto de Santos, considerado o mais importante do país, movimentou um volume total de cargas de 9,18 milhões de toneladas em janeiro de 2021, resultado 10,5% superior ao de 2020 (8,31 milhões) e 1,4% maior que o recorde do mês, registrado em 2018 (9,05 milhões). A alta demanda fez os custos explodirem: o frete da China para o Porto de Santos bateu recorde histórico, chegando a US$ 9.000 (cerca de R$ 50 mil) por contêiner de 40 pés, cinco vezes a média da tarifa cobrada normalmente.

Outra dificuldade encontrada é a disponibilidade de contêineres para embarques de produtos para a Ásia. Segundo a Abimaq (Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos), armadores estariam preferindo voltar com os equipamentos vazios para atender à demanda de vendas daquela região e recompor os prejuízos tomados no período de fechamento das economias. O cenário conturbado foi agravado com o bloqueio do Canal de Suez pelo navio Ever Given, entre os dias 23 e 29 de março, rota de ao menos 9% de toda a carga brasileira de contêineres.

A alta do preço do combustível também se tornou vilã para o transporte terrestre e marítimo, que veem uma alta nos custos de até 12%. Já o transporte aéreo – muito usado para envio de frutas frescas de alto padrão – também está em crise. A carga que era embarcada em voos de passageiros, que diminuíram consideravelmente desde o ano passado por conta da pandemia. A saída dos produtores será escoar as frutas tipo exportação para o mercado nacional.

Impactos do bloqueio do Canal de Suez

Em estimativa divulgada pela Autoridade do Canal de Suez (SCA), o navio encalhado Ever Given impediu que até US$ 10 bilhões em cargas diárias atravessassem o canal, incluindo carros, petróleo, gado, laptops, tênis, eletrônicos e papel higiênico. Esta interrupção pode custar ao governo egípcio até US$ 90 milhões em receitas de pedágio perdidas, com centenas de navios esperando para passar pela hidrovia bloqueada ou optando por seguir outras rotas.

Na última semana, o Egito decidiu que não vai liberar o navio até que uma multa US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) seja paga como compensação pelos danos gerados durante a semana de bloqueio. O cargueiro de quase 400 metros está atualmente ancorado no chamado Grande Lago Amargo.

“Esperamos resolver a questão rapidamente. No entanto, o navio vai permanecer aqui até que as investigações sejam concluídas e a multa seja paga. Assim que eles concordarem com o pagamento, ele poderá sair”, disse Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal de Suez, segundo o Wall Street Journal.

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